sexta-feira, 24 de junho de 2011

Vamos a cidade?!

Reflexão pós Corpus Christi


Aqui nas Candeias, logo após a comunhão iniciamos nossa procissão de  Corpus Chisti. Havíamos decidido levar o Santíssimo Sacramento  em um carro devidamente preparado e ornamentado para  este precioso trajeto.  Já havíamos antecipado que todos fariam a procissão de carro (Carreata) com piscas e buzinas e carro de som.   E assim o fizemos.

Em um  carro coberto com um formoso tecido chamado  pálio, segurando sobre a mesa ornamentada o Ostensório com  o Santíssimo Corpo do Senhor.  Fiquei o mais discreto possível para não permitir que com aquelas vestes e capas brilhosas ofuscasse  o esplendor da simplicidade de Jesus Cristo  ali disfarçado de Pão. E assim procurei fazer.

A mesa era larga e na ponta um refletor para iluminar a Jesus o grande sol. Tinha eu que esticar bem os braços, pois teria que segurar firme o Senhor. Ao passar por quase toda paróquia (prédios, hipers, condomínios, faculdades, academias, colégios, clubes etc e etc),  percebi que na verdade não era eu quem  segurava e levava o Senhor, mas, era Ele quem esticando meus braços e minhas mãos nos  conduzia   para que percebêssemos  melhor  aquele  populoso bairro. Assim procurei contemplar o que Ele ia me mostrando.

Detalhes eu ia visualizando, parecia que  era urgente o que  o Cristo queria me mostrar. Mostrou-me prédios populosos com poucas janelas com lâmpadas acesas, talvez por estarem sem habitantes ou porque os mesmos já cansados, não possuíam motivos para acenderem a luz. Vi luzes também acendendo e pessoas tímidas e curiosas  tentando entender o que se passava. Desta maneira olhares iam se dirigindo para o “Santíssimo  Móvel” se assim me permitem chamar.

Pessoas andando, interessante, várias “se benzendo”, outras com discretos olhares. Tenho que admitir que mesmo de dentro dos bares ou restaurantes  não vi   nenhum  desrespeito, no máximo  uma displicência de quem mesmo entendendo que passava o sagrado, já não sabiam como manifestar o seu devotamento com genuflexões ou constantes vênias. Eram gentes abandonadas pela Matriz que eu via pelas calçadas.

A cidade não parecia que era desconhecida para Jesus. Ele parecia me apresentar aquele bairro como se já o conhecesse e nessa região quisesse visitar a todos. Um cortejo com dezenas de carro pareciam que recebiam  o combustível do ostensório. Ele quem sabe querendo dizer a todos os cristãos motoristas            ( maioria de engajados): “olhem meus desengajados, eles também são meus. Vejam, parecia nos dizer: os que não estão na procissão ou não acenderam as luzes eles são batizados, saibam que eu também estou com eles, porque vocês não vão me procurar lá também?   Não foram eles que se esqueceram desta procissão mas, os organizadores desta procissão que se esqueceram deles, por isso estou mostrando para vocês”. Assim, Ele nos mostrava e nos falava pelo caminho.

É na  cidade que mora as gentes, é nas gentes que mora Cristo, é lá que Ele se encontra e foi para lá que Ele nos levou.  Ao chegar ao destino final, capela das Irmãs Sacramentinas,  tapete e sineta  somaram-se  a pequena caminhada até ao Tabernáculo.  Ali receberam a bênção quem estava presente, mas, certamente a bênção se estendeu a quem mesmo distante, Cristo Eucarístico neles estava presente.

Eu vos conheço, vocês são meus, vou tentar despertar meus padres, meu povo e minha Igreja para  me levar a vocês. Todos vocês e a cidade toda são minhas ovelhas, um dia meus discípulos  abrirão os olhos para a missão,  entenderão  que a ordem querida e sonhada por mim foi: TOMAI TODOS E COMEI...

Ele nos  levou pelas ruas e avenidas daquele bairro  e chamou a todos de amigos e nos  deu a conhecer a imensidão de nossa missão... Vamos retornar a  cidade, é para lá que Cristo se dirige! Foi nestas ruas que Ele puxando-nos pelas mãos nos mostrou a cidade e nos questionou sobre a missão. Vamos a cidade?!

Pe. Estevam Santos
22 de junho 2011- Candeias/ V.Conquista.

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