domingo, 26 de junho de 2011

Sermão de 26 de junho

Caríssimos Irmãos e Irmãs
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Estamos celebrando o XIII semana do tempo comum. Os textos nos chamam atenção para palavras profundas como ACOLHIMENTO E SOLIDARIEDADE.
Vejamos a 1ª leitura do livro dos Reis.
Eliseu: um grande profeta que  era considerado por todos como “HOMEM DE DEUS”
‘Ele viveu vários séculos antes de Cristo, denunciava as religiões estranhas como as que adoravam uma divindade chamada baal... (deus da fecundidade...)
Profeta na bíblia não tem bola de cristal, não advinha o futuro com cartas, mas ele interpreta o presente e já sabe o que vai dar no futuro.
Mulher: Mulher rica, que convidava Eliseu a comer em sua casa. . . Convidou uma, duas e ai Eliseu virou freguês. Sempre que passava por ai, por esta cidade, Eliseu almoçava em sua casa.
Ela então construiu com ajuda do marido um quarto para Eliseu.  Pois observou que Eliseu era um Homem de Deus.
Eliseu: Pergunta a um empregado o que pode fazer por aquela mulher. Interessante perguntar ao empregado e não a própria patroa (a rica mulher). Mas, o empregado sabia do que ela precisava: um filho (pois a mesma era estéril e o marido idoso.)
Ele então promete que no próximo ano ela já estará com um filho nos braços. 
Eliseu ao contrário de baal (divindade da fecundidade) que promete e não faz, ele em nome de JAVÉ, ele promete a fecundidade aquela mulher.
O que podemos tirar de recado para nós:
·         O bem atrai o bem... Ela fez o bem, acolheu, foi solidária, teve tempo de perceber que estava diante de um Homem de Deus, resolveu fazer o bem, fez uma boa opção. Fez por merecer!
·         Os pobres são os que mais conhecem os ricos, neste caso, são os funcionários (o servo) quem mais percebeu o que aquela Mulher precisava.
·         O cuidado com a hospitalidade.  Neste mundo tão violento, não podemos justificar nossa falta de partilha e solidariedade com o isolamento... a falta da caridade e solidariedade....
·         Essa mulher rica da leitura de hoje representa o povo que permaneceu fiel á prática do bem.  Abrindo sua casa, ela abriu-se para a prática da justiça social...
·         Hoje temos, que além de fazer nossa parte pessoal educando inclusive nossos  filhos para a prática da caridade, precisamos também trabalharmos pelas implantações das políticas públicas...
                                              


O Evangelho: (MT 10, 37-42)

Eis palavras com muita radicalidade:
·         Quem ama seus pai ou sua mãe mais que a mim não é digno de mim:
Será que ele está pedindo o impossível: Será que ele está pedindo para não amar os pais ou os filhos?
·         Quem não toma sua cruz, e não me segue, não é digno de mim:
Cruz é sinal de sofrimento, será que Jesus manda abraçar o sofrimento?

Analisando palavras:
·         AMAR: o que significa amar?
Assim como hoje, a sociedade na época de Jesus privilegiava o acumulo de riquezas, o prestígio e o poder.
Hoje não é diferente. O capitalismo selvagem faz com que passamos achar justo os diversos sinais de fome e morte ou nos tornamos indiferentes a tanta corrupção e competitividade.  É natural hoje, justificar nosso consumismo com liquidação e não estamos nem aí para os que passam fome ou desespero.  Desperdiçamos comida, água, e muitas vezes não nos sentimos tocados...
Em nome do conforto e bem estar, educamos muitas vezes muito mal aos filhos, treinamos os instintos para o consumismo e a falta de respeito pelo que é justo.
É IMPOSSIVEL SER DISCIPULO DE JESUS SEM FAZER OPÇÕES RADICAIS
Precisamos estar atentos para não nos tornarmos escravos desta sociedade que defende o acúmulo  de riquezas, de prestígio e poder. 
Ele afirma: “quem procura conservar a sua vida, vai perdê-la. Ou seja, se os seguidores de Jesus se adaptam a esta sociedade consumista a vida será de grande vazio ( mulher estéreo) e frustação.... Mas, quem a perde, isto é, não entra nos apegos às coisas, (a família enquanto sociedade) vai ganhá-la...

Encontrar a vida acolhendo....
No inicio da pregação do evangelho os primeiros discípulos eram pobres, justos, itinerantes. Eles iam de casa em casa, pregando o evangelho....
A pregação causava divisão, pois muitos acabavam ouvindo o que não queriam: a verdade! A pregação contra o acumulo de riqueza, de poder e de prestigio ainda continua um afronto em nossas Igrejas.  Muitas vezes não queremos ouvir a verdade, não queremos ouvir ninguém nos dizendo que estamos muito apegados à família, a bens, ao poder... Queremos nos manter indiferentes, apegados, insensíveis.  Algumas vezes uma simples caridade parece nos fazer bem, mas, às vezes só ocasional sem nenhum compromisso.... Damos o que nos sobra ou o que não presta...
O dizimo: poucos de nós devolvemos os 10%....
Vivemos muito apegados ao dinheiro e pouco importamos com a vida de solidariedade.
O discípulo deve cuidar para não viver para o TER e pouco para o SER...

MORTOS PARA O PECADO, MAS VIVOS PARA DEUS (Rm 6, 3-4.8-11)
A 2ª leitura :
Às vezes costumamos dizer: “não tem jeito, é assim mesmo,...”
Mas, a graça de Deus é maior: Não podemos nos contentar com o pecado, com o fácil, com o errado.  Como Cristãos, o Batismo nos dá a Graça para sermos diferentes, para não nos contentar com o que não seja ético, que não seja bom, que não edifica-nos como pessoas humanas: ENTRE VÓS NÃO DEVEIS SER ASSIM...  QUEM QUIZER SER O MAIOR QUE SEJA O SERVIDOR DE TODOS...
Como Cristãos temos que nos perguntar sempre o que estamos fazendo com o nosso batismo. O batismo nos convida a termos uma mentalidade nova, uma vida nova.  Sermos a exemplo do profeta Eliseu: HOMENS e MULHERES DE DEUS - fazendo a diferença – dando razão e testemunho a nossa Fé:
NO MUNDO, NO TRABALHO, NA FAMILIA, NA SOCIEDADE, TEMOS QUE FAZER A DIFERENÇA, POIS O BATISMO NOS FAZ NOVAS CRIATURAS...
 O que eu posso fazer para, a exemplo daquela mulher, acolher a Palavra profética de tantos Eliseus que passam pela minha vida? 
O que possa fazer para que com o meu testemunho eu possa salvar as nossas famílias dos grandes apegos que a sociedade oferece?

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo...

Pe. Estevam Santos

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Vamos a cidade?!

Reflexão pós Corpus Christi


Aqui nas Candeias, logo após a comunhão iniciamos nossa procissão de  Corpus Chisti. Havíamos decidido levar o Santíssimo Sacramento  em um carro devidamente preparado e ornamentado para  este precioso trajeto.  Já havíamos antecipado que todos fariam a procissão de carro (Carreata) com piscas e buzinas e carro de som.   E assim o fizemos.

Em um  carro coberto com um formoso tecido chamado  pálio, segurando sobre a mesa ornamentada o Ostensório com  o Santíssimo Corpo do Senhor.  Fiquei o mais discreto possível para não permitir que com aquelas vestes e capas brilhosas ofuscasse  o esplendor da simplicidade de Jesus Cristo  ali disfarçado de Pão. E assim procurei fazer.

A mesa era larga e na ponta um refletor para iluminar a Jesus o grande sol. Tinha eu que esticar bem os braços, pois teria que segurar firme o Senhor. Ao passar por quase toda paróquia (prédios, hipers, condomínios, faculdades, academias, colégios, clubes etc e etc),  percebi que na verdade não era eu quem  segurava e levava o Senhor, mas, era Ele quem esticando meus braços e minhas mãos nos  conduzia   para que percebêssemos  melhor  aquele  populoso bairro. Assim procurei contemplar o que Ele ia me mostrando.

Detalhes eu ia visualizando, parecia que  era urgente o que  o Cristo queria me mostrar. Mostrou-me prédios populosos com poucas janelas com lâmpadas acesas, talvez por estarem sem habitantes ou porque os mesmos já cansados, não possuíam motivos para acenderem a luz. Vi luzes também acendendo e pessoas tímidas e curiosas  tentando entender o que se passava. Desta maneira olhares iam se dirigindo para o “Santíssimo  Móvel” se assim me permitem chamar.

Pessoas andando, interessante, várias “se benzendo”, outras com discretos olhares. Tenho que admitir que mesmo de dentro dos bares ou restaurantes  não vi   nenhum  desrespeito, no máximo  uma displicência de quem mesmo entendendo que passava o sagrado, já não sabiam como manifestar o seu devotamento com genuflexões ou constantes vênias. Eram gentes abandonadas pela Matriz que eu via pelas calçadas.

A cidade não parecia que era desconhecida para Jesus. Ele parecia me apresentar aquele bairro como se já o conhecesse e nessa região quisesse visitar a todos. Um cortejo com dezenas de carro pareciam que recebiam  o combustível do ostensório. Ele quem sabe querendo dizer a todos os cristãos motoristas            ( maioria de engajados): “olhem meus desengajados, eles também são meus. Vejam, parecia nos dizer: os que não estão na procissão ou não acenderam as luzes eles são batizados, saibam que eu também estou com eles, porque vocês não vão me procurar lá também?   Não foram eles que se esqueceram desta procissão mas, os organizadores desta procissão que se esqueceram deles, por isso estou mostrando para vocês”. Assim, Ele nos mostrava e nos falava pelo caminho.

É na  cidade que mora as gentes, é nas gentes que mora Cristo, é lá que Ele se encontra e foi para lá que Ele nos levou.  Ao chegar ao destino final, capela das Irmãs Sacramentinas,  tapete e sineta  somaram-se  a pequena caminhada até ao Tabernáculo.  Ali receberam a bênção quem estava presente, mas, certamente a bênção se estendeu a quem mesmo distante, Cristo Eucarístico neles estava presente.

Eu vos conheço, vocês são meus, vou tentar despertar meus padres, meu povo e minha Igreja para  me levar a vocês. Todos vocês e a cidade toda são minhas ovelhas, um dia meus discípulos  abrirão os olhos para a missão,  entenderão  que a ordem querida e sonhada por mim foi: TOMAI TODOS E COMEI...

Ele nos  levou pelas ruas e avenidas daquele bairro  e chamou a todos de amigos e nos  deu a conhecer a imensidão de nossa missão... Vamos retornar a  cidade, é para lá que Cristo se dirige! Foi nestas ruas que Ele puxando-nos pelas mãos nos mostrou a cidade e nos questionou sobre a missão. Vamos a cidade?!

Pe. Estevam Santos
22 de junho 2011- Candeias/ V.Conquista.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Maria no coração da Igreja,


Caros irmãos,
Existe bênção maior que a vida, que o ar que respiramos? Quem aqui pode acrescentar um segundo a mais na sua existência ou pode, com certeza, precisar o dia da sua morte?  Então, que bênção estarmos aqui hoje mais uma vez, nas escadarias desta matriz contemplando esta paisagem tão familiar: A Chegada da Bandeira!

O fato de estarmos vivos e com saúde já é motivo de ação de graças ao Divino Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.  É um fato de pararmos um pouco, nos lembrando de nossos antepassados e agradecer a Deus pela nossa existência.

Este ano refletimos durante as novenas sobre Maria no Coração da Igreja.  Creio que a maioria absoluta dos que estão aqui nesta manhã, tem Maria, a mãe de Jesus Cristo bem dentro do coração.   Desde criança aprendi a gostar da mãe de Jesus, afinal, alguém que foi escolhida para ser a mãe do salvador, só tem que merecer por parte de cada um de nós um lugar especial e privilegiado dentro de nossa história.

Há exatamente 11 anos, 11 festas, 11 Chegadas da Bandeira, tenho tido o prazer de aqui colocar-me como anfitrião deste momento tão singelo.  Este ano, quero pedir a Virgem Maria, de maneira especial por nossa juventude.


Em um mundo globalizado, isto é, o que é bom podemos só ver pela televisão, mas o que é ruim está em toda parte, corremos o risco em termos uma visão pessimista das coisas, talvez para nos justificarmos e nos acomodarmos, por exemplo, o desemprego.

Sobretudo os políticos sem encontrar ou buscar soluções para a grave crise do desemprego justificam-se dizendo que o problema está em todo o Brasil e por isso não tem o que fazer.

Drogas, violência, extermínio da juventude, não são poucos os que dizem que não tem mais jeito e que nada pode ser diferente. Mas, se fazem, fazem pouco para mudar isso.

Aqui recordamos os dois mais novos beatos da Igreja: João Paulo II e Ir. Dulce.  João Paulo II, papa da certeza. Enquanto o mundo seguia o caminho do relativismo (relaxamento moral) Ele, João Paulo, não cansou de mostrar o caminho correto e chamar atenção dos países ricos para a sua parcela e divida social para com os países pobres.  Ir. Dulce, enquanto muitos não queriam se misturar com os pobres, ela abriu a sua vida para os doentes e desamparados.  Conta-se que a Irmã Dulce abriu a mão para pedir a um rico ajuda para seus pobres e o mesmo cuspiu na sua mão. Ela colocou aquela mão no bolso dizendo: “isso foi para mim, mas agora eu lhe peço na outra para meus pobres....”  Podemos perguntar quem soube melhor viver? Aqueles que só pensam nos seus bens ou aqueles que preocupados com os outros pensam em bens eternos?

Desta forma, ao recebermos esta bandeira, precisamos recordar as palavras do saudoso Pe. Benedito Soares que por aqui passou e, contemplando as cidades dizia: GRITEM PARA TODA CIDADE ADORMECIDA O AMOR PRECISA RETORNAR. Precisamos acordar para a prática da bondade, para pratica da justiça e do bem.

Precisamos amados irmãos, termos bom senso, nos perguntar a cada dia, como estamos carregando a bandeira do Divino em nossa vida.  Se somos capazes de fazer a diferença, isto é: de deixarmos sementes boas, de fazermos tudo o que está  ao nosso alcance para melhoramos nosso mundo, ou se acomodados, só pensamos em nós mesmos.  Neste sentido lembremos de Maria, sempre pensando no Filho, sempre pensando em nós.

Não posso perder a oportunidade de falar de maneira especial aos políticos aqui presentes.  São raras as vezes que vocês aparecem na Igreja, que param para ouvir a Palavra, por não terem tempo ou por que a Palavra questiona. Quero repetir o que o Papa João Paulo e Bento XVI disseram no dia do início do Pontificado aos Líderes do mundo todo:

“Não tenham medo de abrir as portas do coração para Cristo. Não tenham medo que Ele entre, pois é verdade, Ele vai mudar tudo, jogará o que não presta fora, mas, certamente deixará o que é necessário. Retirará a cobiça, o ciúme, a ganância, deixará a ética, a liberdade, o senso de justiça. Por isso não tenham medo. Analisem vossas vidas, vejam o que está realmente valendo a pena, recordem a brevidade de nossas vidas, não percam tempo com o supérfluo, façam o que podem  enquanto é tempo, não se deixem dominar pelo espírito do mal. O coração de vocês certamente tem tantas moções boas. Apeguem-se a Maria Santíssima, pois ela está  sabemos disso, no coração de vocês também e os tem no seu materno coração”.

Como muitos sabem fui nomeado Pároco de uma paróquia lá em Conquista, desta maneira após 11 anos estou me despedindo até o final deste ano desta paróquia, isto quer dizer que no próximo ano, não estarei aqui como pároco, no máximo como visitante, mas,  jamais a Bandeira do Divino deixará de ser além de um belíssimo momento cultural, um chamado a todos para uma conversão. 

A estrada que liga Poções – Bom Jesus da Serra e Caetanos, o governador Jaques Wagner prometeu aqui, peço aos políticos e ao povo que não canse de cobrar.

Nossa festa de largo. Ficamos sabendo que pelo laudo do corpo de bombeiros a justiça interditou o parque de diversões, pois instalado a poucos metros de um posto de gasolina oferecia grave perigo a cidade.  Certamente nos arquivos do gabinete podem ser encontradas correspondências que alertavam também para este risco.


Mas, voltemos nossos corações para Maria, a Mãe que deseja que seus filhos se voltem para Deus, para as coisas do alto, para as coisas do coração. Maria está no coração de Deus, está no coração da Igreja, está no coração de todos nós, e nós generosamente devemos viver prestando atenção as coisas do coração e as coisas do alto.  Deixemos as posturas velhas para trás e os maus costumes e para frente vivamos como devotos verdadeiros do Divino:



Os devotos do divino vão abrir sua morada pra bandeira do menino  ser bem-vinda, ser louvada,

Deus nos salve esse devoto, pela esmola em vosso nome dando água a quem tem sede, dando pão a quem tem fome  A bandeira acredita que a semente seja tanta, ( a bandeira da justiça, a bandeira do Divino é a bandeira da busca das coisas justas)
que essa mesa seja farta, que essa casa seja santa,
Que o perdão seja sagrado que a fé seja infinita, que o homem seja livre, que a justiça sobreviva,
Assim como os três reis magos, que seguiram a estrela guia,
a bandeira segue em frente, atrás de melhores dias,
No estandarte vai escrito que ele voltará de novo,
que o Rei será bendito, ele nascerá do povo, ai, ai.


Cehagada da bandeira,
10 de maio 2011

Pe. Estevam Santos